O Senhor e o Escravo

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Com uma personalidade forte e autoritária, Jorge, ainda com cinco anos de idade, já era um tipo de ditador entre os colegas, em especial em relação ao irmão mais velho Fernando.

Jorge era alguém que, apesar da meninice, já trazia consigo em sua alma um estilo possessivo e autoritário, hipócrita e manipulador. Apesar de não ser uma criança psicopata, perversa, Jorge possuía fortes traços de sadismo, sentia grande prazer em humilhar e diminuir o irmão mais velho.

Jorge era o senhor; e seu irmão mais velho era o escravo. Nas brincadeiras, sempre era Jorge quem decidia tudo, quando começava e quando terminava, e quem brincava. Assim como Jorge possuía fortes traços de sadismo, o irmão mais velho – Fernando –, totalmente dominado pelo irmão mais novo, aceitou, até mesmo com certo prazer, a sua posição de escravo na relação. E, do mesmo modo como o irmão mais velho, apesar de não ser uma criança perversa, adquiriu fortes traços masoquistas, sentindo algum prazer nas humilhações provocadas por seu irmão na frente de seus amigos e colegas de escola. A dupla havia se formado, eram inseparáveis, o Senhor e o Escravo.

Jorge vivia dominando o irmão Fernando em todas as situações; era, em todos os momentos, o seu senhor, e os pais, apesar de perceberem que o filho mais novo Jorge dominava completamente o filho mais velho Fernando, faziam-se de cegos para não ter de ver o quanto eles fracassaram na criação dos dois meninos, deixando tudo correr bem na frente de seus olhos sem nenhuma intervenção materna ou paterna; na verdade, ambos os pais, de forma muito sutil e inconsciente, até mesmo fomentavam o domínio possessivo de Jorge sobre Fernando.

Certa vez, Jorge, numa brincadeira de criança, colocou fogo no colchão do quarto onde dormia com o irmão Fernando e, quando ambos se deram conta, o fogo já havia começado a se alastrar pelo quarto. Foi quando, de repente, o pai e a mãe dos garotos chegaram e, ao se depararem com a situação, retiraram correndo ambos os filhos do quarto, correram até a cozinha, encheram baldes de água e começaram a jogar no fogo a fim de apaga-lo.

Depois de acalmada a situação do fogo, o pai de Jorge e Fernando pegou os dois filhos, um em cada braço e os colocou sentados dentro do banheiro em uma pequena cadeirinha para crianças e, com uma tala de bater em cavalo na mão direita, olhou furioso para os dois garotos e perguntou:

Quem é o responsável por isso? Qual de vocês dois fez esta arte?

Depois de alguns segundos de silêncio e olhares vexatórios para baixo, Jorge se manifestou e disse:

Foi o Fernando papai; foi ele quem tacou fogo no colchão do quarto, eu bem que disse a ele para não brincar com fogo, mas ele não me deu atenção e continuou a fazer arte, como o senhor diz.

Espantado com a atitude do irmão mais novo, Fernando, ao mesmo tempo querendo se defender da calúnia descrita pelo irmão, mas também com medo de enfrenta-lo e sair da posição de escravo na relação, levantou calmamente os olhos e fitou seu pai com o rosto quase roxo de raiva. E o pai então perguntou:

Foi você Fernando, quem tacou fogo no colchão do quarto?

E Fernando, quase paralisado entre a sua necessidade de se defender e o medo pavoroso que tinha do irmão, além do prazer de ser seu escravo, acenou lentamente com a cabeça dizendo que sim.

Neste momento o pai mandou Jorge sair do banheiro e em seguida trancou a porta. Virou-se lentamente para Fernando, mandou-o se levantar da cadeira, tirar toda a roupa e se virar de costas. Assim que todo o processo foi realizado sob os tremores na alma de Fernando, seu pai começou a dar-lhe dezenas de taladas nas costas e nas nádegas, até o menino não mais aguentar e cair de joelhos, implorando a misericórdia do pai, enquanto a mãe, já desesperada do lado de fora implorava para o marido parar com a surra, dizendo que já era o bastante.

Enquanto Fernando apanhava de tala do pai dentro do banheiro, do lado de fora Jorge ria da dor do irmão e pensava:

Como ele é tolo, fraco. Tá fodido para resto da vida. Vou fazer dele o que eu quiser daqui pra frente.

Tempos depois, após Fernando se curar da surra que levou do pai por causa da travessura do irmão mais novo Jorge, tudo voltou ao normal, Jorge aumentou ainda mais seu autoritarismo e Fernando se tornou um escravo cada vez mais obediente; e com o tempo, com as brincadeiras entre os dois irmãos, onde sempre um dominava o outro, Fernando acabou por se identificar completamente com a posição de escravo do seu senhor, chegando até mesmo a sentir algum prazer nas diversas humilhações diárias que Jorge o fazia passar na frente de outras pessoas, onde quer que fosse, seja no parque, em casa, na escola, no jardim, em todos os lugares Jorge sempre dava um jeito de humilhar e rebaixar seu irmão mais velho Fernando, que sempre aceitava de pronto sua posição de escravo na relação.

Por diversas vezes Jorge tentou matar seu irmão Fernando, seja empurrando-o num poço de água do trevo da cidade para morrer afogado, seja com boladas de sinuca, machadadas e todas as formas de tentativa de assassinato, enquanto os pais fechavam os olhos para tudo e, no máximo, colocavam os dois de castigo sentadinhos em uma cadeira dentro do banheiro por horas a fio.

Observando a relação entre os seus pais, onde o pai era o dominante e a mãe a dominada, Fernando, com o tempo, acabou se identificando com a posição feminina na relação entre ele e o irmão, onde ele era a mulher e o irmão o homem. Com isso, Fernando começou a cativar um desejo enorme de se vestir de mulher e, sempre; todos os dias durante a madrugada ia até o quarto abandonado da antiga empregada, que havia deixado algumas peças femininas suas, como calcinhas e sutiãs, além de saias e maquiagem. Lá, durante todas as noites, escondido dos pais e até mesmo do irmão, Fernando se montava todo, aos seis anos de idade já sabia se maquiar quase como uma adolescente bem ensinada pela mãe. Durante todas as noites, naquele quarto, Fernando era uma só coisa: uma mulher – Fernanda, ou como ele gostava de se chamara: Nanda –. A mulher de seu irmão. E ali ele se deliciava com calcinhas apertadas, meia calças justas em seu corpo, sutiãs e maquiagens à vontade. Aquele era o momento em que ele se sentia livre, uma verdadeira mulher e, apesar do desejo de tomar sexualmente seu irmão montada como uma bela dama, Fernando nunca ousou sair do quarto vestido de mulher.

O tempo passou, Jorge e Fernando cresceram e Fernando, hoje já um jovem adulto, acabou deixando seu costume de se montar como uma mulher todas as noites no quarto abandonado da empregada, e o fez por várias razões: aos sete anos o quarto foi reformado e todas as roupas doadas para os pobres. Depois Fernando só ousava montar-se como mulher durante o banho, que, demorado, deixava o pai orgulhoso pensando que o filho estava se masturbando, confirmando assim sua macheza, enquanto que, na verdade, ele estava se auto afirmando como uma verdadeira fêmea. Com o tempo Fernando já quase não se montava mais. Até o dia em que, aos dez anos de idade, descobriu o carnaval, a maior festa popular do planeta, onde tudo era liberado e os homens se vestiam de mulher e as mulheres se vestiam de homens. O carnaval foi um tipo de epifania adolescente que tomou conta da alma de Fernando, e ele passava o ano todo esperando o carnaval só para se montar como uma bela dama durante quatro dias inteiros, sem que, no entanto, ninguém desconfiasse de seu desejo secreto de se vestir como uma mulher, mesmo sendo ele heterossexual. Fernando gostava sexualmente de mulheres, mas sentia um impulso interno arrebatador que tomava sua medula espinhal e cobria toda a sua alma de purpurina, fazendo-o desejar ser uma mulher, uma fêmea, nem que fosse uma vez por ano, graças ao carnaval.

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