O Monte Roraima

Monte Roraima

Há muitos e muitos anos atrás a tribo dos índios Macuxi habitava uma terra plana e fértil onde a caça, a pesca e os frutos eram abundantes em milhares de pomares das mais diversas frutas. A terra era um imenso e sublime planalto de onde se podia ver o sol acordar e adormecer todos os dias bem no horizonte.

No entanto, certa madrugada chuvosa, fria e sombria, com muitos raios e trovões, em determinado momento da tempestade, enquanto os índios se escondiam de cócoras em suas ocas, um raio caiu do céu até o centro da aldeia. Depois disso em alguns minutos a chuva cessou. Em algumas horas todos os índios conseguiram dormir depois da noite de terror.

No outro dia, ainda pela aurora, o cacique saiu de sua oca e foi até o centro da aldeia, e lá viu uma pequena muda de uma árvore bem em volta da marca do raio. Para o cacique não havia dúvidas, aquele era um presente de Tupã, e a arvore deveria ser protegida e cuidada com as próprias vidas dos guerreiros da tribo. Com o tempo a muda da árvore foi tomando a forma de uma bananeira, uma árvore que nunca havia nascido naquelas terras antes. Com o passar dos anos, a árvore se tornou vistosa e cheia de deliciosos frutos, e toda a aldeia da tribo girava em torno daquela árvore que nunca parava de crescer.

Todavia, numa noite sombria onde havia eletricidade pairando no ar, o Pajé, foi dormir com mal pressentimento e, durante a noite teve um sonho. Sonhara que Angatupyry vinha até ele e dizia que aquela árvore era sagrada, e que, por esta razão, ninguém poderia tocar nela ou em seus frutos, caso contrário grande tragédia e horror se abateriam sobre a tribo. Por um tempo considerável, todos obedeceram às ordens de Tupã. Porém, na aurora melancólica cheia de neblina de certo dia, Tau apareceu a um dos índios da tribo em sonho e o seduziu a cortar a árvore, dizendo-lhe que Tupã não queria que ela fosse cortada não porque uma tragédia se abateria sobre a tribo, mas sim porque a tribo, ao cortar aquela árvore, passaria a conhecer o bem e o mal, e o índio, como que sonambulo, pegou seu machado e foi até o centro da aldeia e durante alguns minutos, derrubou a árvore sagrada; todos viram a cena mórbida da árvore cortada ao meio e caída de lado. Ninguém sabia quem havia cortado a árvore, pois o crime fora realizado durante a madrugada, enquanto todos na aldeia dormiam tranquilamente.

Neste instante Tupã ficara muito furioso e decepcionado com a tribo e lançou centenas de milhares de raios e trovões do céu negro e assombroso. Trovões e relâmpagos cortavam o céu de cima para baixo e de baixo para cima deixando todos os índios completamente apavorados. Os animais debandaram para os quatro ventos, e com o passar do tempo, daquela árvore cortada começou a brotar uma pedra que nunca parava de crescer e ao longo de milhares de anos aquela árvore se metamorfoseou num grande e esplendido monte, o Monte Roraima, que cresceu imponente até o céu, e até os dias de hoje é possível ouvir durante as madrugadas de lua cheia o monte chorar a tristeza de sua alma por causa da desobediência dos índios, que se tornaram animais e objetos encantados.

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